Lomadee

domingo, 22 de setembro de 2013

Jason Becker ainda vive

Documentário revira o arquivo da família e atualiza a incrível história do gênio


A história de Jason Becker talvez seja novidade para quem não se interessa por heavy metal nem conhece mais a fundo o universo dos guitarristas. Desse modo, muita gente ficou impressionada com o que viu no documentário “Jason Becker Not Dead Yet”, lançado no ano passado e recentemente exibido no festival In-Edit, em São Paulo.

Mas mesmo quem conhece toda a trágica sequência dos fatos e assistiu a milhares de vezes aos poucos vídeos disponíveis do guitarrista tocando também vai se impressionar. Afinal, pela primeira vez podemos ouvir a história de Becker contada por seus pais e amigos próximos desde o nascimento até os dias de hoje por meio de depoimentos atuais e uma emocionante seleção de fotos e vídeos do arquivo da família.

Fã de Bob Dylan, o músico já reproduzia suas canções desde a mais tenra idade, seguido de solos de Eric Clapton e Van Halen. Aos 14 anos, já era considerado um virtuoso, com uma pegada impressionante e uma sonoridade madura. Logo depois veio o contato com o lendário Mike Varney, fundador da Shrapnel Records e responsável por lançar praticamente todos os “guitar heroes” nos anos 1980.

O próprio Varney conta como ficou impressionado com a fita demo de Becker e como teve a ideia de apresentá-lo a Marty Friedman, culminando no incontrolável projeto Cacophony. Também é muito curioso ver os depoimentos do baixista Jimmy O’Shea e do baterisa Kenny Stavropoulos que tocaram com ele na época - além, é claro, do próprio Friedman.

Uma das partes mais tocantes do documentário, contudo, não é ver Jason Becker imóvel m uma cadeira de rodas (já faz tempo que ele está nessa condição), mas sim acompanhar como foi sua entrada na banda solo de David Lee Roth, que na época significava uma espécie de passaporte para o estrelato e reconhecimento mundial, e a descoberta de que tinha uma doença degenerativa chamada ALS pouco depois.

Ele chegou a gravar o álbum do ex-Van Halen, mas não tinha mais saúde para continuar e substituir Steve Vai na banda. Vale destacar especialmente os trechos em áudio de uma entrevista que Becker deu a um jornalista explicando os motivos pelo qual não poderia fazer os shows com Roth. Quando perguntado no final sobre quem iria sair em turnê em seu lugar, Jason apenas diz: “algum outro cara”.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

John Fogerty: Wrote a Song For Everyone

Clássicos da carreira de John em novas versões com diversos astros do country e do rock

John Fogerty, um dos mais importantes nomes do rock and roll mundial, comemorou seu aniversário de 68 anos mais ou menos da mesma forma que todo mundo faz: reunindo amigos. No caso dele, essa festa foi em estúdio e dela saiu o disco “Wrote A Song For Everyone”, o nono lançamento solo do músico.

O título do disco brinca um pouco com o bordão “John Fogerty wrote this song”, que estampa algumas camisetas do artista e é uma expressão sensacional do quão subestimado seu nome pode ser, quando as pessoas cantarolam, batem o pé no ritmo ou fazem um ‘air guitar’ ao som de músicas do Creedence Clearwater Revival. Pois é, são muitos sucessos compostos, cantados e tocados por Fogerty e “Wrote A Song For Everyone” traz um pouco disso, um pouco de carreira solo e duas canções inéditas. 

Pois é, pode ser que até o parágrafo anterior você não tivesse certeza absoluta de quem se tratava o artista em questão, contudo, certamente já cantou muito “Have You Ever Seen The Rain” - disso, tenho certeza. Esta e tantas outras pérolas de John Fogerty, lançadas nos anos 60, ganharam novas versões. “Have You Ever”, por exemplo, teve Alan Jackson como o escolhido para o dueto, com sua voz mais grave e carregada de clichês do country. A mesma linha seguiu Brad Paisley, em sua interpretação de uma da fase pós-CCR: “Hot Rod Heart”, que é sim uma música country e, embora tenha soado mais careta na voz do jovem cowboy, ganhou um interessante duelo de guitarra entre os dois. 

Realmente o estilo norte-americano, que sempre fez parte das composições de John, reina em “Wrote A Song For Everyone”, inclusive nas novas “Mystic Highway” e “Train Of Fools”, as únicas em que o dono da festa canta sozinho. Os duetos do estilo ainda se completam com Miranda Lambert e Keith Urban, o que também faz bem às vendas.

Os arranjos são basicamente os mesmos, a guitarra de Fogerty soa perfeita como sempre e sua voz, melhor que nunca! Já na pegada mais roqueira, o cantor convidou o Foo Fighters para fazer “Fotunate Son” em uma versão mais pesada e com o típico vocal intenso e rasgado de Dave Grohl. Bob Seger também entra no time do rock com sua participação na “Who’ll Stop The Rain” em uma base ao piano que deu um brilho extra à faixa. A banda My Morning Jacket gravou “Long As I Can See The Light”, e fez jus à grandiosidade de uma das mais lindas músicas da carreira e também deste novo álbum de John.

Os momentos não tão bons assim, infelizmente ficaram com dois clássicos: “Born On The Bayou”, com Kid Rock, que fez o desfavor de cortar o ‘feeling’ na metade, e “Proud Mary”, com Allen Toussaint e a Jennifer Hudson, que é uma boa cantora, mas numa tentativa de reascender a flama de Tina e Ike Turner, acabou causando um fogaréu descontrolado por conta dos berros exagerados.

No fim das contas o saldo é positivo e John Fogerty, hoje com 68 anos de idade e mais de meio século de carreira, já escreveu uma música para cada um de nós, apreciadores da música. Ele não só ofereceu algumas delas a esses colegas, como gentilmente os colocou em destaque nas interpretações, cantando sempre os primeiros versos. Vale a pena conferir.